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Weber fala ainda de dois tipos de profetismo: o ascético, que conduz as pessoas, ainda que vivendo no mundo, a adotarem um distanciamento do modo mundano de se viver; e o místico, que se refere à atitude contemplativa do religioso a ponto de procurar se distanciar do mundo e pouco se importar com as questões éticas da vida. São dois extremos. E preocupa o fato de que tem havido um crescimento acentuado no tipo de profetismo místico no meio dos crentes. Parece que as pessoas estão mais preocupadas em “malhar a alma”, num adoracionismo desenfreado, sem se preocupar com seu papel no mundo do vivos. Isso não é adoração, mas adoracionismo, uma recente “síndrome” em que o crente se entrega de corpo e alma a uma espécie de transe espiritual, num ambiente de entretenimento e catarse. Acredita-se que a adoração, nesse sentido, seja produtora de milagres, sobretudo materiais.
Se no passado o salvacionismo era o eixo central não só da doutrina, mas da pregação, da liturgia e das práticas eclesiásticas, o adoracionismo, fruto de instintos humanos, vai acabar levando a igreja a uma vida anestesiada e descompromissada com o cotidiano. É como tentar viver no monte da transfiguração, contemplando as maravilhas de Deus, sem se dar conta de que lá embaixo há toda sorte de dramas e dilemas humanos. Acontece que viver na espiritosfera é perigoso. O maior risco é a desconexão da realidade. O adoracionismo não leva o crente a ter uma vida significativa e influente neste mundo caótico.
Está errado então adorar? Evangelizar? De modo algum. A adoração é o fim para o qual fomos criados e a salvação se refere a um importante passo para nos reconduzir a Deus. Os extremos é que são prejudiciais. O culto público há de ser resultado de nossa vida particular de comunhão com Deus e não um mero meio de extravasar nossos instintos. O equilíbrio é o caminho.
Lourenço Stélio Rega (O Jornal Batista, 29.11.09)
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